O Fenômeno da Economia Comportamental: Conheça Esse Novo Conceito

O Fenômeno da Economia Comportamental: Conheça Esse Novo Conceito

14 de março de 2024 0 Por Rafaela Fernandes

Todos os dias, novas descobertas são feitas na área da psicologia financeira, buscando provar que o sucesso nos negócios não depende apenas de inteligência e experiência. Uma vez que sentimentos, emoções e hábitos também devem ser considerados.

A Economia Comportamental é um conceito relativamente novo, que surgiu dessa nova vertente de pensamento. Ela vai totalmente de contra a economia tradicional, criando modelos de economia baseados no indivíduo e não no mercado em geral.

Assim, pode parecer complicado, mas ao longo deste artigo, você verá o que é a Economia Comportamental na íntegra, conhecer como ela funciona, seu criador e principais pilares. Portanto, prossiga com a leitura!

O que é a Economia Comportamental?

A Economia Comportamental é um conceito que tende a enxergar a economia de uma forma mais realista, considerando o perfil do indivíduo. Para isso, ela conhece as suas dores, emoções, sentimentos, hábitos e cria uma experiência personalizada.

Esse é um conceito relativamente novo no mercado, que considera descobertas empíricas no âmbito da psicologia, ciências sociais e neurociência. Sendo que, inicialmente, ela parte de uma crítica aos modelos convencionais de economia.

Toda a teoria é embasada na concepção do “homo economicus”. Isso significa que ela tem como fundamento um homem tomador de decisões, centrado nos seus interesses pessoais, com capacidade racional ilimitada e ponderado.

Visto que a Economia Comportamental enxerga o indivíduo como um sujeito passível de atitudes deliberadas para consertar seus erros. Diferente da economia tradicional, que acredita que o homem possui uma capacidade limitada de racionalidade.

Como funciona a Economia Comportamental?

Se contrapondo a visão tradicional da economia convencional, a Economia Comportamental foca em um cenário diferente. Nela, os indivíduos tomam decisões financeiras com base nas suas emoções, hábitos e experiências pessoais, ao invés de serem puramente lógicos.

Esse conceito entende que os seres humanos gostam de buscar por apenas soluções satisfatórias, visando a rapidez do processo. Isso gera uma dificuldade de equilibrar metas e dificulta alcançar os interesses a curto e longo prazo, no modelo tradicional de economia.

Por essa razão, economistas comportamentais tentam alinhar as decisões individuais com o mercado, para criar estratégias personalizadas, a partir desse ponto. Assim, as influências psicológicas que afetam cada indivíduo, podem ser usadas a seu favor.

Ou seja, o seu principal objetivo é compreender as decisões financeiras das pessoas de forma mais realista, para criar um modelo de economia mais assertiva.

Quem inventou esse conceito?

Não é possível apontar apenas um nome como o criador da Economia comportamental. Afinal de contas, ao longo das décadas, esse conceito foi sendo desenvolvido por diversas mentes.

Tudo indica que os primeiros estudos acerca do assunto se iniciaram no ano de 1950, quando alguns autores, como Herbert Simon, tentaram implementar mudanças no nicho utilizando mecanismos cognitivos para analisar o comportamento dos indivíduos.

Herbert Simon foi o criador do termo “racionalidade limitada”. Sendo que esse termo surgiu como uma forma de afronta, para ir contra a ideia de que as pessoas não conseguem solucionar problemas em padrões economicamente racionais.

Apesar de ter sido o pioneiro na ideia, a contribuição de Simon apenas arranhou a superfície do que estava por vir. Pois, foi somente a partir da década de 70, que psicólogos cognitivos associaram seus estudos no campo da economia.

De início, houve uma rejeição da parte dos economistas tradicionais em aceitar a nova teoria. Contudo, não foi possível ignorar por muito tempo os resultados dos estudos apoiados na psicologia.

Em seguida, nos respectivos anos de 1978, 2002 e 2013, cientistas associados à Economia Comportamental entraram para a história ao receber o prestigiado Prêmio Nobel em Economia.

Quais são os pilares da Economia Comportamental?

A Economia Comportamental conta com 34 princípios, que podem ser divididos em 5 pilares, são eles:

1. Aversão à perda

Nesse caso, o indivíduo é mais impactado pela dor da perda do que pela felicidade em ganhar algo. Por essa razão, ele assume menos riscos, investindo em áreas que oferecem menores possibilidades de perda, sem visar um grande ganho.

Um bom exemplo desse pilar é o jogo de cara ou coroa. Pois, nele, as chances de ganhar ou perder são iguais. Contudo, segundo os economistas, quando alguém é desafiado a participar da brincadeira a valer 500 reais, tende a não aceitar.

2. Apego excessivo

O apego excessivo a um bem faz com que a pessoa o supervalorize, sem considerar a realidade. Assim, o indivíduo venderia esse bem pedindo um valor bem mais alto do que estaria disposto a pagar por ele.

Para exemplificar, digamos que você tenha um carro e decida vendê-lo. Você pede o valor de 80 mil pelo automóvel e espera que alguém o compre. Mas, ao escutar que outra pessoa está vendendo o mesmo modelo de carro que o seu por 80 mil, acha um absurdo e fala que nunca compraria.

Nesse contexto, o valor não está no carro em si, mas na mente do seu dono, que possui um apego excessivo por ele e, inconscientemente, coloca um valor absurdo para continuar com o automóvel, já que ninguém o compraria.

3. Dependência de referência.

É da natureza humana se comparar com outras pessoas, gerando uma dependência de referência. Dessa forma, o indivíduo usa como base os ganhos de um terceiro. Quando chega a sua vez de investir, caso ele ganhe mais do que a sua referência, se sente um vitorioso, mas caso contrário, se frustra.

Essa é uma péssima forma de entrar para o mundo da economia e investimentos! Uma vez que cada indivíduo possui um perfil psicológico único e está disposto a assumir diferentes riscos.

4. Falta de autocontrole.

Todos nós conhecemos uma pessoa que não sabe dizer não para si, causando, algumas vezes, impactos negativos na sua vida. Trazendo para o mundo das finanças, geralmente essa pessoa é aquela que não aceita ter nenhum tipo de perda.

Um bom exemplo de falta de autocontrole nas finanças são pessoas que fazem apostas de cassino, aumentando cada vez mais o valor, mesmo perdendo. Pois, acreditam conseguir recuperar o dinheiro perdido e ainda obter ganhos, mesmo em um cenário contrário.

5. Dificuldade de conciliar necessidades e metas.

Nesse caso em específico, o indivíduo possui metas econômicas e acredita que atingir as suas metas lhe dariam mais felicidade. No entanto, prefere gastar todo o seu dinheiro em festas e prazeres momentâneos, se frustrando posteriormente.

A Economia Comportamental constrói todos esses pilares para entender o perfil de cada pessoa e encaixá-lo em um ou mais pilares. Uma vez que ela visa criar um modelo de economia que o indivíduo consiga seguir, mesmo com suas limitações.